- MÊS DE MAIO DE 2014
- MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA
(06) RETRATO DE JACINTA Continuação
7 Primeira Aparição.
Eis aqui, Ex.mo e Rev.mo Senhor Bispo, um pouco mais ou menos, como se passaram os sete anos, que tinha a Jacinta, quando apareceu belo e risonho, como tantos outros, do dia 13 de Maio de 1917.
Escolhemos nesse dia, por acaso, se é que nos desígnios da Providência há acasos, para pastagem do nosso rebanho, a propriedade pertencente a meus pais, chamada Cova da Iria.
Determinámos, como de costume, qual a pastagem do dia, junto do Barreiro de que já falei a V. Ex.cia Rev.ma e tivemos, por isso, que atravessar a charneca, o que nos tornou o caminho dobradamente longe.
Tivemos, por iso, que ir devagar, para que as ovelhinhas fossem pastando pelo caminho, e assim chegámos cerca do meio-dia.
Não me detenho agora a contar o que se passou nesse dia, porque V. Ex.cia Rev.ma possa tirar daqui, a não ser o conhecimento da inocência da vida desta alma.
Antes de começar a contar-vos, Ex.mo Rev.mo Senhor, o que me lembro do novo período da vida da Jacinta, tenho que dizer que há algumas coisas, nas manifestações de Nossa Senhora, que nós tínhamos combinado nunca dizer a ninguém e talvez agora me veja obrigada a dizer alguma coisa disso, para dizer onde a Jacinta foi beber tanto amor a Jesus, ao sofrimento e aos pecadores, pela salvação dos quais tanto se sacrificou.
V. Ex.cia Rev.ma não ignora como foi ela que, não podendo conter em si tanto gozo, quebrou o nosso contrato de não dizer nada a ninguém.
Quando, nessa mesma tarde, absorvidos pela surpresa, permanecíamos pensativos, a Jacinta, de vez em quando exclamava com entusiasmo :
- Ai que Senhora tão bonita !
- Estou mesmo a ver dizia-lhe eu Ainda vais dizer a alguém.
- Não digo, não ! respondia Está descansada.
No dia seguinte, quando seu irmão correu a dar-me a notícia de que ela o tinha dito, à noite, em casa, a Jacinta escutou a acusação sem dizer nada.
- Vês ? Eu bem me parecia ! disse-lhe eu.
- Eu tinha cá dentro uma coisa que não me deixava estar calada respondeu, com as lágrimas nos olhos.
- Agora não chores; e não digas mais nada a ninguém do que essa Senhora nos disse.
- Eu já disse !
- O que disseste ?!
- Disse que essa Senhora prometeu levar-nos para o Céu !
- E logo foste dizer isso !
- Perdoa-me; eu não digo mais nada a ninguém !
Nascimento
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