PARTIR DO PÃO
EUCARISTIA PARA A SANTIFICAÇÃO
(001) RESPEITO E DIGNIDADE!
Afirmar que a Eucaristia é inútil é um atentado sacrílego contra a Presença Real e uma negação do Mistério da Redenção.
Todavia, todos aqueles que se não santificam absolutamente nada apesar de receberem a Eucaristia frequentemente, na prática, tornam para si inútil a Eucaristia, e aqueles que a recebem sem as devidas disposições, cometem mesmo um grave Sacrilégio.
Nestas circunstâncias, e em vista da nossa própria santificação, é oportuno fazer esta pergunta :
- Qual a nossa resposta ao Mistério da Presença Real ?
Da nossa fé e do nosso "sentimento" da Presença Real deve surgir espontaneamente a "reverência" ou sentimento de respeito; mas, mais ainda, o sentido da ternura por Jesus no Sacramento.
Este é o mais delicado e pessoal sentimento que as palavras, sejam elas quais forem e venham donde vierem, nunca podem destruir.
S. Francisco de Assis, que tem sido apontado muitas vezes como o nosso Mestre da devoção à Eucaristia, nas suas reflexões, tem-nos mostrado estes sentimentos.
O seu coração mostrava-se inundado pelos sentimentos de reverência e ternura, e, numa carta aos clérigos, a respeito do Corpo de Cristo, ele escreveu, inundado do maior respeito, ternura e reverência :
- «Aqueles que são responsáveis por este Sagrado Mistério, e especialmente aqueles que estão encarregados de o guardar, deviam realizar que o cálice, o corporal e outros panos do altar em que o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo são oferecidos em sacrifício, devem ser convenientemente apropriados. E, todavia, muitos clérigos guardam o Santíssimo Sacramento em lugares inconvenientes, transportam-no sem a devida reverência, recebem-no indignamente, ou dão-no a toda a gente sem distinção... Seguramente, nós não podemos ficar imóveis e indiferentes perante estas faltas de respeito; no seu amor, Deus entrega-se a Si próprio, nas nossas mãos; nós tocamo-l'O e recebemo-l'O todos os dias nos nossos lábios. Porventura já nos esquecemos de que um dia havemos de cair nas Suas mãos, e que por isso nos devemos corrigir destes abusos ?». (Escritos 101).
S. Francisco sentia-se inundado de piedade e ternura perante Jesus Sacramentado, como se sentiu também inundado de ternura pelo Jesus do Belém, do Presépio. Ele sentiu-O sem ajuda, incarnado na humanidade, especialmente humilde.
Para S. Francisco, Ele foi sempre o mesmo Jesus, vivo e real, e não apenas uma abstracção teológica.
A Eucaristia, é a maior das responsabilidades da história da Igreja. A Eucaristia faz a Igreja e sem Igreja não há Eucaristia.
A Igreja é responsável por muitas coisas : A sã doutrina, a humanidade, a cultura, os tesouros da arte...
Mas tudo isto são pequenas responsabilidades, comparadas com o significado da realidade do Corpo e Sangue do Salvador que são o preço do nosso resgate.
No princípio da Cristandade, a chamada "Disciplina do segredo" (Disciplina arcani), esteve em força.
Não se podia falar da Eucaristia irreflectidamente ou com leviandade, e muito menos mostrá-la indiscriminadamente a toda a gente.
Mesmo os convertidos eram apenas introduzidos no mistério da Eucaristia uma semana depois do seu baptismo : como neófitos e não como catecúmenos.
Era um momento pelo qual eles esperavam ansiosamente, pelo segredo que a rodeava.
Hoje, os tempos são outros, dizemos nós, e nós estamos admirados porque é que se guardava então a Eucaristia com tantos cuidados.
Seria apenas medo ou simples receio de uma profanação dos pagãos ?
Este medo existiu, mas no coração era realmente um sinal de veneração e duma maravilhosa religiosidade perante a proximidade e intimidade com Deus.
Na Eucaristia, Jesus está escondido aos nossos olhos, mas realmente presente no coração e na fé, não na forma mas no espírito, não por perigo e medo de profanação (embora esse perigo ainda exista), mas para nossa santificação.
Mas há sobretudo muita ignorância ou um mal entendido sobre o Mistério da Presença Real, pelo que muitos cristãos ainda não sentiram a necessidade de dar a sua resposta de modo a não tornar inútil a Eucaristia.
A Igreja docente, acomodou-se, e, perante a quantidade das pessoas que se abeiram do Corpo e Sangue de Cristo, não adverte na falta da qualidade da sua preparação nem explica quem é que não está em condições de comungar.
Banalizou-se de tal modo o mistério da Presença Real que se perdeu o seu sentido, o seu significado e as suas exigências.
Os Sacerdotes deviam consciencializar-se, antes de mais, de que são eles que diariamente têm nas suas mãos, recebem e distribuem o Corpo e Sangue de Cristo, são os "guardas", encarregados pela Igreja para garantirem o respeito e a adoração devidos ao Corpo e Sangue de Cristo, para que a reverência acompanhe sempre a familiaridade.
E não esqueçam os ministros da Comunhão, que são também co-responsáveis pelo respeito e dignidade com que devem receber e distribuir a Comunhão, convencidos de que o devem fazer com a maior dignidade, de modo não tornar inútil a Eucaristia, mas a colocá-lo no seu próprio lugar de Santificação pessoal.
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